Editorial
Só com provocação?
"Depois que o João [Goulart, repórter] e o fotógrafo [Jô Folha] saíram de lá, apareceu um batalhão da prefeitura". Essa mensagem enviada a um morador da rua Tom Jobim, cujo problema no reservatório de água foi apresentado na edição de quinta-feira, ao Diário Popular resume uma situação recorrente no dia a dia da Redação: a população reclama de um problema, a reportagem vai até o local e o problema, que trazia dor de cabeça, é quase que imediatamente resolvido. Para nós, um motivo de êxtase e orgulho, afinal mostra que o papel de imprensa enquanto órgão fiscalizatório a serviço da comunidade vem não só funcionando, como surtindo muito efeito. É um sinal mais do que claro de que um veículo tradicional ainda tem não só muita força, como confiabilidade por parte das pessoas que recorrem a nós, e a tantos outros colegas de outros veículos, como espaço de confiança para lidar com suas angústias.
Obviamente, ficamos felizes de ver problemas que afetam o dia a dia das pessoas sendo solucionados. Há algumas semanas, também em uma reportagem de João Pedro Goulart, apresentamos um problema de roçagem no bairro Porto. No texto, trazíamos a fala de um morador que duvidava de uma potencial solução. Na semana seguinte, tudo limpinho. No entanto, naquele momento, Goulart, que é um jovem estagiário cursando o segundo ano de faculdade de Jornalismo e talvez a primeira pessoa nascida "neste século" a trabalhar na Redação do DP, comentou a solução com um ar de incomodação. "Parece que sempre temos que fazer matéria para ajeitar, né?"
E essa questão realmente causa um certo incômodo. Embora seja um tanto "lisonjeiro" ver o nosso trabalho dando resultado, o serviço público precisava, mesmo, trabalhar só quando provocado? Uns meses atrás, por exemplo, a praça Jardins de Suzu apresentava situação caótica por falta de poda e sujeira nos lagos. A reportagem questionou a assessoria da Prefeitura e, antes de vir a resposta, o problema foi solucionado. Questão de minutos para resolver. Não tinha como ser feito sem "pressão" da imprensa?
A resposta volta e meia passa pela crise financeira que o Município atravessa. É compreensível. Mas se a solução é apresentada quase que imediatamente após provocação, fica mais a sensação de inoperância de quem deveria tomar decisões de antemão do que qualquer coisa.
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